Uma definição de Jornalismo Gastronômico

O tema da gastronomia vem ganhando relevância no campo do jornalismo cultural, como já registrou Piza (2003, p.10). Assim o jornalismo gastronômico é um dos temas do jornalismo cultural que mais vem crescendo no Brasil, juntamente com a importância da própria gastronomia. É extremamente novo, por isso existe dificuldade para encontra-se trabalhos científicos na área. Porém, aos poucos o assunto deixou de ser periférico para se tornar comum em jornais e revistas.

Piza foi o primeiro autor no Brasil a voltar o olhar acadêmico sobre o jornalismo cultural, e explica o crescimento do espaço dedicado a assuntos tidos como menores, como gastronomia e design.

A despeito desse esquecimento, a gastronomia é um tema essencialmente cultural, sabendo-se que alimentação e cultura estão diretamente ligadas. Afinal a alimentação diz muito sobre a educação, a civilidade e a cultura das pessoas 8 .O gosto, apesar de individual, é também cultural e socialmente condicionado. Alguns pratos colaboram, inclusive, para formar a idéia da identidade nacional, como é o caso da feijoada no Brasil.

No dia-a-dia dos veículos de comunicação, a pauta gastronomia se localiza, até fisicamente, no mesmo espaço dedicado a assuntos culturais. Deixando de freqüentar unicamente as seções de receitas das publicações femininas, como antigamente, a gastronomia agora figura como assunto recorrente em publicações de todos os tipos, voltadas para públicos variados. Amaral (2006, p. 3)

Melo (2003, p 11) diz que a crítica tem destaque na consolidação dos “novos produtos da indústria cultural”. Portanto, ao mesmo tempo em que os produtos com maior crescimento passam a aparecer mais na mídia, o inverso também acontece: a apreciação crítica nos meios de comunicação de massa valoriza os produtos e incrementa seu consumo.

Como já foi visto o jornalismo cultural engloba temáticas relacionadas à prática do jornalismo opinativo, já que este avalia produtos culturais e obras de arte e divulga a opinião dos críticos para o público.  Assim fala Amaral ( 2005, p.153):

 

 

…críticas deixam entrever a predominância de um jornalismo de serviço, voltado para leitor em primeiro lugar. Os textos misturam descrição objetiva e opinião subjetiva, lançando mão de recursos como adjetivação e metáfora. O detalhamento do histórico dos restaurantes no cenário gastronômico é ressaltado, demonstrando uma preocupação do autor com o leitor, que pode não ter conhecimento específico sobre o assunto. O tom geral é de didatismo, com ênfase para informações objetivas como endereço, telefone, faixa de preços e horário de funcionamento.

 

Na história da gastronomia, a valorização da tradição ou da invenção estão sempre mudando de posição, Revel (1996, p. 34) mas sempre com base em preceitos culturais. Nos momentos em que a criação é valorizada, os chefes chegam a ser considerados artistas, mas nem por isso deixam-se sofrer limitações, como nota Flandrin (1991, p. 298): “Não mais que os outros artistas do seu tempo, os cozinheiros não tinham meios de impor seus gostos às pessoas para as quais trabalhavam”. Se nos tempos da monarquia européia havia uma relação de mecenato entre os chefes e a corte, atualmente o cozinheiro precisa contar com a simpatia do público e dos críticos, como nos conta Cascudo (1983, p. 242):

Assim como o pintor e o poeta, o chef de cuisine já não poderá contar, para viver e fazer ouvir sua voz, somente com a proteção dos poderosos. Seu sucesso dependerá do primeiro a chegar, do dinheiro dos seus clientes e também, agora, de uma nova corporação, que passa a vigiar a arte corporação dos críticos.

 

 

No Brasil o jornalismo gastronômico tem uma cobertura bem estruturada, já existem revistas especializadas no assunto em algumas regiões do país, como sudeste, com grande circulação o que distingue de outras regiões, como o norte onde esta cobertura é deficiente. Este “desinteresse” na cobertura gastronômica inspirou a formulação da situação problema deste projeto, que busca identificar os motivos deste possível “não interesse” da mídia impressa local, sendo este um assunto que tanto rende em outras localidades e que contribui para a formação cultural do estado que tem por formação pessoas de diferentes locais do país.

No norte, os habitantes dependiam mais dos conhecimentos indígenas para sobreviver e para a coleta das drogas do sertão e, por isso, sua alimentação incluía pratos e ingredientes exóticos como a carne de peixes como o pirarucu , a carne de jacarés, tartarugas, além de seus ovos, e do peixe-boi do qual se fazia também a manteiga e frutas.

Da mesma forma que do resto do país e da região norte, o cardápio roraimense é variado e traz uma mistura de culturas, fruto das diferentes origens dos seus moradores, nordestinos, nortistas, sulistas, que fazem do estado sua segunda terra. O tacacá, a maniçoba, o churrasco gaúcho, o vatapá e o queijo mineiro são algumas das especialidades. Somada a tudo isso está a culinária indígena, que dá um toque especial à alimentação. Mas sua gastronomia típica não é explorada devidamente pela midía local.  O que nos indaga já que  em um lugar onde fatores como imigração contante e fauna e flora extremamente ricas uma cobertura jornalista gastronomica  pode proporcionar não só uma ifinidade de receitas que mostram um multiplicidade de novos sabores mas também a interação cultural contando sua história, além de trazer para a população o verdadeiro conhecimento sobre o lugar na qual vive.

 

Desde o começo desse ano eu tenho feito muitas pequisas sobre o tema, e esse post é para os que, como eu, sofrem um pouco para achar uma boa definição sobre o assunto.

Esse texto foi escrito por mim com base nas minhas pesquisas para um trabalho da disciplina de Metodologia da Pesquisa em Comunicação da UFRR.

Espero que ajude em alguma coisa.



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